quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Modos & Estilos #021 - Cólera - Pela Paz em Todo Mundo

Mais que uma banda punk, o Cólera é a banda que explodiu a minha cabeça!

Quando me deparei com o movimento punk nacional, no início da década de 80, em Curitiba, através da banda Beijo AA Força, inicialmente apresentado aos sons gringos e posteriormente aos nacionais, com o álbum SUB (ler a resenha aqui), mudei todos meus conceitos ao perceber que a música tinha o poder de formar consciência e transmitir indignação. Ouvir as bandas nacionais, em gravações de qualidade duvidosa, mas com uma coragem que não existe no mainstream certinho e politicamente correto, nos incentivou a fazer o mesmo. Foi graças ao movimento punk que o Brasil viu acontecer uma explosão musical que ainda está viva nos corredores dos subterrâneos culturais do nosso país.

Das bandas nacionais, uma que me chamou a atenção foi a paulistana Cólera. O grupo foi formado em 1979 pelos irmãos Redson (baixo e voz), Pierre (bateria e voz) e Helinho (guitarra e voz) com a proposta de fazer um som libertário e direto. A primeira apresentação da banda acontece em 12 de dezembro do mesmo ano no Bairro do Limão. Logo após Kinho assume o vocal. Em 81 Kinho e Helinho saem e Val assume o baixo e Redson passa para a guitarra. Em 82 participam da coletânea Grito Suburbano ao lado do Olho Seco e Inocentes e ainda no mesmo ano se apresentam no Festival Começo do Fim do Mundo no SESC Pompéia que rendeu uma coletânea homônima.

A banda participa ainda de algumas compilações internacionais. Em 83 Redson cria o selo Estúdios Vermelhos, responsável pela coletânea SUB, em 85 o selo passa a se chamar Ataque Frontal. Ainda em 85 lançam seu álbum de estréia Tente Mudar o Amanhã e em 1986 lançam o álbum Pela Paz em Todo Mundo que chegou a vender quase cem mil cópias, um número impressionante para uma produção independente. No ano de 87 a banda viaja para a Europa e se torna a primeira banda punk nacional a fazer um tour fora do Brasil.

O trio segue, lançando álbuns e fazendo turnês. Em 2009 inicia uma mega turnê, 30 Anos Sem Parar, comemorando os 30 anos de atividade. Em 27 de setembro de 2011 o vocalista e mentor da banda, Redson Pozzi faleceu, vitima de uma hemorragia interna, causada por uma úlcera no esôfago. A Banda resolve dar um tempo mas em 2012 anunciam o retorno com a entrada do vocalista Wendel Barros ex-roadie e amigo de Redson. O Novo vocal é bem aceito e o Cólera continua na ativa com shows e planos de um novo álbum.

Pela Paz em Todo Mundo


Lançado no formato LP, em 1986 pelo selo Ataque Frontal e relançado, com quatro faixas bônus, em 2000, pela Devil Discos, foi um trabalho bem distribuído, tocado em rádios, programas de rock, circuitos independentes e enviado em grandes quantidades para a Europa e Estados Unidos. O disco ainda gerou duas turnês pelo Brasil e uma pela Europa passando pela Alemanha, Bélgica, Holanda, Áustria, Suíça, Dinamarca, Países Bascos, Espanha, Noruega e França. Um marco na história do rock nacional que deve ser lebrado, comemorado e escutado.

As Músicas


Neste post vamos nos ater as canções do vinil lançado em 86 com a participação de Redson, Val e Pierre. São 14 canções de tirar o fôlego.

  • Lado A
  1. Medo - Um Clássico que fala da sensação de estarmos sozinhos e presos a um sistema que quando te estende a mão é apenas para te explorar. 
  2. Funcionários - Baixo e bateria numa introdução bem tribal. Punk rock de primeira, apesar do título, a música fala sobre mudança de consciência.
  3. Somos Vivos - Com uma pegada mais para o punk rock tradicional. Letra existencialista e com intuito de despertar o consciente coletivo.
  4. Alternar - Fala sobre a miséria da condição humana em sua luta para sobreviver e da futilidade das convenções sociais.
  5. Multidões - O título já diz tudo. A letra faz uma análise das massas manipuladas e incapazes de pensar.
  6. Direitos Humanos - Esta música fala sobre os excluídos e marginalizados que já não tem direito a vida com dignidade.
  7. Guerrear - "Nós não nascemos pra guerrear". Com este refrão a música faz uma denúncia das guerras absurdas onde inocentes são colocados na linha de frente de uma guerra que não é sua.
  • Lado B
  1. Vivo na Cidade - Nesta canção o enfoque é sobre o caos urbano das grandes metrópoles que massacram as pessoas com a poluição.
  2. Humanidade - Mas uma música de conscientização do lugar do ser humano na sociedade e das suas responsabilidades em relação aos outros.
  3. Alucinado - Nesta letra o tema é o stress e a letargia que abate o ser humano causando pânico e indiferença.
  4. Continência - Aqui o tema é o serviço militar que, na visão do autor, é uma forma de criar massa de manobra.
  5. Não Fome! - Mais uma vez a miséria está na pauta, desta vez por conta das políticas econômicas que achatam o poder de compra dos cidadãos.
  6. Adolescente - Aqui o tema são os jovens sem voz e sem ouvidos que os escutem. Aliás, a preocupação com os jovens é sempre presente nas músicas da banda.
  7. Pela Paz - Para fechar, a música que dá título ao álbum. Um grito de alerta para o caos em que toda a humanidade está se metendo. Já naquela época.

Conclusão


Este disco é um clássico da Música Brasileira que não perde a sua atualidade e sua autenticidade e que deve ser escutado por todos. Punk rock de qualidade, letras conscientes. O Cólera foi e continua sendo uma espécie de porta voz da humanidade contra as injustiças. Uma obra prima do rock nacional que atravessou fronteiras e ganhou respeito fora do Brasil, mostrando que aqui existe gente consciente. Uma aula de humanidade para as novas gerações.


sexta-feira, 28 de julho de 2017

Não sou pessimista, sou realista...

O Brasil caminha a passos largos em direção a uma falência ampla, total e irrestrita da máquina estatal, mas calma, isso talvez não seja tão ruim.
A crise do Estado Brasileiro não é recente, na verdade ela se inicia com a implementação da república, ainda de forma tímida, e vai se intensificando aos poucos com o passar dos anos, mas é depois do governo militar que ela ganha corpo para aportar neste caos que estamos vivendo. O movimento final se inicia em 1995 com Fernando Henrique, se consolida em 2003 com o Lula, descamba geral a partir de 2011 com a Dilma e agora agoniza com o Temer levando o país a mergulhar, neste últimos 22 anos, em um oceano de lama e esgoto. Não tenho dados concretos, mas creio que roubou-se a nação, nestes últimos vinte anos, mais do que em toda a história desde o "descobrimento". Não existem inocentes: PSDB, PT, PMDB e seus satélites transformaram o que restava de alguma ética e moral em um rolo compressor de corrupção e criminalidade que estão matando o Brasil e os brasileiros, numa escala onde não existe a menor possibilidade de reversão.

O Fato é que: o país está caminhando para uma falência do Estado nos próximos anos. Pode acontecer já em 2018 ou daqui uns dez anos, mas vai acontecer. Em alguns estados já está acontecendo e em outros os efeitos ainda não são tão perceptíveis. Mas os sinais estão aí: Educação doutrinadora e de péssima qualidade que tem preparado apenas militantes e não pensadores, sistema de saúde em frangalhos, segurança inexistente, criminalidade crescente, desemprego, desunião, falta de brasilidade e civismo, decadência moral, etc, etc, etc. Mas voltemos ao estado: A máquina estatal engordou e hoje alimenta um batalhão de sanguessugas que irão beber até a última gota antes que o monstro caia morto e depois de morto ainda tentarão ver o que dá para aproveitar para saciar sua fome insaciável. Para tentar prolongar a vida do moribundo cortes começarão a ser efetuados em todos os lados, menos, é claro, aonde deveriam acontecer.

Serviços, hoje fundamentais, deixarão de ser prestados, financiamentos serão cortados, calotes serão dados e mais impostos serão criados. Não haverá revolução pois já previam isto e desarmaram a população, não haverá intervenção militar pois as forças armadas estão sucateadas e desmotivadas, não haverá um salvador da pátria pois o país já está ingovernável. Talvez, diante deste quadro tão terrível, o leitor pense que não pode haver nada de bom nisto tudo, mas eu te afirmo que existe. 

Diante deste cenário horripilante podemos prever uma desestatização da Nação, ou seja: serviços que, hoje são prestados de forma precária pela União tendem a ser transferidos para a iniciativa privada. Por exemplo: na área da Educação já existe uma tendência de migrar para um sistema comunitário e também para o chamado Homeschool (educação em casa). Com o advento da internet e suas tecnologias podemos levar conhecimento e formação a distância. No campo da saúde podemos migrar para as clinicas populares onde o custo por atendimento individual é acessível e o empreendedor lucra pela demanda. Também é viável investir em segurança privada, geração de eletricidade por vias limpas e alternativas, transporte público por aplicativos, transferência de capital por meios eletrônicos, fora da rede bancária, que geram rapidez e menos encargos e muitas outras atividades que não caberiam neste artigo.

Não sabemos se temos dois anos ou dez, mas já entendemos que é possível criar um Brasil Paralelo, que funcione, em meio ao caos do Brasil oficial. É perfeitamente possível, mas para dar os resultados esperados temos um trabalho gigantesco pela frente que é a transformação ética e moral da mente do brasileiro. Eu não tenho dúvida de que estes existem muitos cidadão dispostos a isso e cabe a nós darmos os primeiros passos começando a mudança pela parte mais difícil que é mudar a nós mesmos. Mudar nossos hábitos corrompidos, nossos ânimos abalados e incendiar nossa força e nossa garra. Se conseguirmos dar este primeiro passo o resto é fácil.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Coletânea Brazilian Extreme Metal Bands

O underground cristão nacional dá as caras com mais uma coletânea reunindo treze bandas da cena brazuca, pelo selo Evig Morke Prod
Que o underground nacional nordestino é forte a gente já sabe. O que, talvez, muita gente não tenha conhecimento é de que ele é forte e atuante também entre os cristãos. E para comprovar isso, acaba de sair mais uma coletânea de bandas de metal extremos de todo o Brasil. Desta vez a iniciativa é do selo independente Evig Mørke Productions, de Fortaleza, CE. O Título da compilação é Brazilian Extreme Metal Bands e trás 13 bandas de diversos lugares. A ótima arte da capa é o designer Daniel Dutra.

Os treze grupos que formam esta coleção nos trazem um leque bem abrangente do metal extremo passando por vários segmentos, do sinfônico ao crossover num álbum visceral e muto bom de se ouvir. O trabalho está disponível para download gratuito (link no final do post) deixando claro que o objetivo é divulgar o trabalho das bandas. Participam da empreitada os seguintes nomes:

  1. Ceifadores - Anjo Maldito (Manaus - AM) 
  2. Mediadhor - Princípio do Fim (Teresina - PI)
  3. Cerimonial Sacred - The Choice Of The Wise (Santa Bárbara d'Oeste - SP)
  4. Antidemon - Não Tardará (São Paulo - SP)
  5. Edificador - Maldição Hereditária (Valença - RJ)
  6. Exortta - David's Lyre (Belo Horizonte - MG)
  7. Satan Decapitated - Apocaliptic Chaos (Salvador - BA)
  8. Vozes Noturnas - Ave Yeshua (Fortaleza - CE)
  9. Sabactâni - Instincts (Manaus - AM)
  10. Sebaoth - Fogo Dos Céus (Fortaleza - CE)
  11. Pulcro - Alone (Juiz de Fora - MG)
  12. Display Of Agony - Agony (???)
  13. Darkaliel - Floresta Obscura (Fortaleza - CE)
Como já se era de esperar, há uma ausência de bandas da Região Sul e não se deve ao fato da coletânea ter sido produzida no Nordeste, Temos um selo aqui no Paraná, estamos convocando bandas para um trabalho mas só as do sudeste, norte e nordeste se manifestam. mas voltando ao álbum, confesso que me surpreendi. Apesar de não ser da cena extrema e conhecer muito pouco do estilo curti bastante este álbum. Meu destaque vai para a banda Satan Decapitated com Apocaliptica Chaos, muito boa e energética e Mediadhor. Todas as faixas são muito bem gravadas e com certeza vão agradar os fãs do gênero.

domingo, 9 de julho de 2017

País cristão não tem corrupção

Como pode, a maior nação cristã do mundo ter índices tão absurdos de corrupção e imoralidade em todos os setores da sociedade?
Com 55% de católicos e 25% de evangélicos, o Brasil soma um total de 80% de cristãos no conjunto da população. A pergunta que fica é: qual a razão de um país, onde oito em cada dez habitantes se dizem cristãos, ser um dos mais corruptos da história? Se levarmos em consideração apenas os ensinamentos de Cristo, que é o cerne do cristianismo, deveríamos viver no país mais pacífico e honesto da história da humanidade! Então o que está errado? Este é um assunto longo e complexo com muitas variáveis e que não se esgota em uma postagem de um leigo, mas quem sabe, pela misericórdia de Deus, consigamos lançar alguma luz sobre este grave problema que enfrentamos.

Não vou negar que existe uma forte manipulação da mídia no sentido de por de lado os valores morais, doutrinários e de conduta dos Evangelhos, também não posso negar que existe uma manipulação no âmbito da cultura e da educação que faz um massacre ideológico contra estes valores classificando aqueles que os defendem como retrógrados e ignorantes. Mas não creio que uma consciência bem formada e firmada em bases sólidas possa ser tão facilmente manipulada. Neste caso, só consigo entender, que o grande culpado por este descalabro comportamental seja a própria igreja que tem se distanciado, mais e mais, a cada dia, do verdadeiro propósito dos ensinamentos de Jesus.

Não consigo ver nos Evangelhos, e creio que qualquer um que seja sincero também não consegue, um Jesus dando instruções para que a igreja seja rica e poderosa nos moldes deste mundo. Em momento algum das Sagradas Escrituras encontramos o Mestre ensinando seus seguidores a impor sua vontade, construir impérios, edificar templos luxuosos, se destacar na política, conquistar fama, fortuna e domínio sobre outros seres humanos. Não vemos o Cristo arrecadando dízimos e ofertas mas sim repartindo, doando-se e curando. O Filho de Deus nos ensina e orienta a sermos sal e luz. Esta é uma reflexão que sempre me chama a atenção.

Vamos até a cozinha para preparar um prato agradável. Sabemos que sem sal ele ficará sem gosto, com muito sal não dará para comer, mas com o sal na medida certa, ficará saboroso e teremos vontade de repetir. Mas note que não vemos o sal em um alimento bem preparado e sequer sentimos seu gosto mas sim o do alimento. Isto me leva a entender que ser sal é ser um influenciador para que as pessoas descubram o prazer de uma vida plena. Não somos nós que temos que aparecer, nossa função é mostrar que a resposta já está nelas mesmas, nós apenas vamos ajudá-las a sentir o sabor. Da mesma forma, a luz não existe para ficarmos olhando para ela, mas para que ilumine o caminho e assim possamos evitar os acidentes do percurso.

Ao meditar nos ensinamentos do Messias, percebo que somos a maior nação cristã do planeta, mas é bem provável que sejamos a menor nação em número de seguidores de Jesus Cristo. Pois não andamos como ele andou, não falamos como ele falou, não vivemos como ele viveu, não somos como ele é. Pois se fossemos seguidores de Cristo em espírito e em verdade, certamente teríamos transformado este país em um paraíso na terra.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Underground Cristão #002 - Grave Robber - Be Afraid

Quando se ouve o Grave Robber pela primeira vez o pensamento recorrente é: como eu não descobri esta banda antes?
A cena underground cristã tem produzido pérolas de valor e a banda americana Grave Robber é uma delas. Seguindo a linha Horror Punk, o GR lembra o som do Misfits mas sem deixar de ter uma identidade própria. Sua base operacional fica em Fort Wayne, Indiana. Formada em 2005 lançou seu primeiro álbum, Be Afraid, em abril de 2008 pela Retroative Records, gravadora pela qual ainda lançaram seu segundo disco, Inner Sanctum em janeiro de 2009. Atualmente a banda pertence ao selo Rotweiller Records por onde publicaram os álbuns: Exhumed em dezembro de 2010 e You're All Gonna Die! em novembro de 2011. Seu mais recente trabalho é o EP Straight to Hell de janeiro de 2015 também pela Rotweiller.

Além de ser uma excelente banda cristã, o Grave Robber é uma banda performática onde os integrantes são personagens que nunca mudam mas os atores por trás das mascaras podem mudar. Sua formação constante é: Wretched (vocals), Carcass (bass, vocals), Viral (guitar, vocals), Grimm (guitar, vocals) e Plague (drums).

A ideia da banda surgiu simultaneamente para Wretched e Carcass, durante um culto onde a palavra pregada era Romanos 6 que fala sobre estar morto para o mundo, estar morto para si mesmo e estar morto para o pecado, imediatamente os dois músicos ligaram isso a comunhão onde basicamente nos alimentamos do corpo e do sangue de Cristo. Isto foi o suficiente: Mortos que se alimentam de carne e sangue. Mas o compromisso com o Evangelho os levou a orar durante dois anos até que finalmente a banda iniciou os ensaios.

Neste post vamos apresentar o seu primeiro álbum, Be Afraid, um petardo sonoro que torna impossível não se apaixonar. O grupo evoluiu muito e cada trabalho está melhor, mas vamos ao álbum:

As Músicas


  1. The Exorcist / Intro - Essa intro já deixa bem claro o clima do álbum, que remete aos filmes de terror das décadas de 50 e 60 com direito a órgão e tudo o mais.
  2. Skeletons - Hardcore oldschool na veia, fala sobre ódio e assassinato e a necessidade de uma limpeza para se livrar de tudo isso.
  3. Burn Witch, Burn - De uma forma alegórica este Punk Rock fala sobre a necessidade de queimar a bruxa do mal que habita em cada um de nós.
  4. Bloodbath - Banho de sangue. O Nome já diz tudo. É preciso derramar sangue para haver limpeza. É obvio que se refere ao sacrifício que redime o ser humano. Os coros a lá Misfits são sensacionais.
  5. Rigor Mortis - Mais uma que fala do mal que nos assombra e nos acusa. A batida é sensacional.
  6. Buried Alive - Mais uma que fala da nossa condição miserável e questiona o fato de não sermos merecedores do sangue inocente que foi derramado por nós. O Clima é hardcore mais atual. 
  7. Screams Of The Voiceless - Rock com pegada mais hard que fala sobre o aborto e o fato da vítima não ter nenhuma escolha. Faz você pensar muito.
  8. Golgotha / Instrumental - Tema instrumental com sons incidentais que remetem a crucificação de Jesus. Uma pausa para o que vem a seguir. Bastante peso criando um clima tenso e melancólico.
  9. Reanimator - Uma ode ao sacrifício de Jesus e sua obra redentora que culmina com a sua ressurreição. Hardcore das antigas que dá vontade de sair pogando.
  10. Schizofiend - Mais uma levada para o hard que vira hardcore, se refere a mente dividida, onde a parte ruim precisa ser estirpada.
  11. Dark Angel - Hardcore acido sobre o demônio mostrando que não há nada de positivo no anjo caído. Sonzeira.
  12. I Wanna Kill You Over And Over Again - Amo esta música. Com uma levada mais Hard e Blues fala sobre a necessidade de matar o velho homem para que possamos viver uma nova vida.
  13. I, Zombie - Outra sensacional. Bateria bem marcada com vocais bem colocados para lembrar que enquanto servos de Cristo somos como mortos vivos que se alimentam da carne e do sangue enquanto aguardamos a volta do nosso Mestre.
  14. Army Of The Dead - E para fechar a fantástica Army Of The Dead que faz um convite para fazer parte deste exército de mortos, para o mundo, que vai saqueando o inferno em busca de almas.

Conclusão:


Be Afraid é um álbum cativante, sensorial e frenético que faz você querer se mexer. As linhas melódicas são bem construídas e mostram que existem músicos competentes por trás das máscaras. Além disso, são pessoas realmente comprometidas com seus ideias e com o Evangelho. Um álbum bom do início ao fim  e te leva a querer ouvir os outros trabalhos. Vale a pena.




quinta-feira, 6 de julho de 2017

Modos & Estílos #020 - Joelho de Porco - Joelho de Porco

Punk de Boutique, Pop Psicodélico ou pura zoação, não dá para dizer ao certo, mas os avôs dos Mamonas faziam o mais puro Rock'n Roll
A banda paulistana, Joelho de Porco iniciou suas atividades em 1972 tendo na formação original os músicos:  Tico Terpins (violão,voz, guitarra); Gerson Tatini (baixo); Walter Baillot (guitarra); Próspero Albanese (bateria e vocais); Conrado Assis Ruiz (guitarra, piano e vocais) e Rodolfo Ayres Braga (baixo e vocais). Ainda em 72 gravam um compacto simples, produzido por Arnaldo Baptista (ex Mutantes) e em 74 lançam seu primeiro álbum, São Paulo 1554/Hoje, bastante elogiado pela crítica.

Em 1976, o argentino Billy Bond assume os vocais e a banda passa por uma reforma na formação. Em 1977 gravam o álbum Joelho de Porco que é lançado em 1978 e que iremos analisar neste post. A banda ainda volta em 1983 quando lança o duplo Saqueando a Cidade que conta com a participação de Zé Rodrix. Em 1988 o grupo ainda lança mais um álbum, o 18 Anos Sem Sucesso.

Embora alguns insistam em afirmar que a banda foi precursora do Punk nacional esta é uma afirmação equivocada, pois apesar do deboche e até alguma consciência social nas letras fica claro que se trata de um grupo de pop rock e com forte apelo e produção voltada para o comercial, bem longe das motivações do Punk Rock.

Não há dúvida que é um ótimo grupo que trouxe um pop rock equilibrado com um certo peso em algumas faixas e muito e bem executado Rock,n Roll. O Álbum homônimo de 78 foi o disco que me levou a descobrir a banda e por um bom tempo era presença obrigatória no meu toca-discos.  Vamos ao álbum.

As Músicas


  1. O Rapé - Pop Rock que brinca com a situação da poluição e faz uma analogia com o consumo de drogas. Só não entende quem não quer.
  2. São Paulo By Day - Rock básico, fala sobre o problema, já naquela época, dos menores infratores no centro de São Paulo. Uma pegada meio hard meio glam, arranjos bem feitos.
  3. Paulette, Mon Amour - Folk Rock simples e bacana que trata da questão da homossexualidade, talvez, hoje, fossem chamados de homofóbicos.
  4. Rio de Janeiro City - Hard Rock que fala da violência da cidade Maravilhosa que ofusca os valores e mitos que fizeram a fama do Rio de Janeiro. O trabalho da guitarra é sensacional e tem um orgão pra lá de bem tocado. Muito boa a música.
  5. Feijão com Arroz - Mais um Pop com arranjos de metais, lembra um pouco a disco music da época mas que dá lugar a uma levada mais rock. Faz uma piada sobre a miséria e a fartura.
  6. Aeroporto de Congonhas - Blues que mostra o lado sem graça e sem sal dos paulistanos. Música bem experimental que trabalha com vários ritmos num clima meio psicodélico.
  7. Golden Acapulco - Pura comédia que brinca com os sucessos da música mexicana. Detalhe para o vocal a lá Beatles, nos backings. Um show. A guitarra também faz bonito na hora do solo. E os trocadilhos com malícia.
  8. Boing 723897 - Bateria e vocais alucinados dão voz a uma piada com a tecnologia frente a simplicidade dos habitantes originais do continente. Mais uma vez as referências de Beatles e Jovem Guarda estão presentes e bem marcadas. A Bateria e a guitarra dão um show a parte.
  9. Mandrake - Outra brincadeira, desta vez com o personagem dos quadrinhos a referências a falsa morão social que sempre esconde algo a mais. O Ritmo de marchinha de carnaval diz tudo.
Trata-se de um disco bem produzido e descontraído de uma banda que faz parte do panteão do rock nacional e que não pode faltar em nenhuma discoteca básica de respeito.


terça-feira, 4 de julho de 2017

Lo-Fi - Quando o conteúdo é mais importante que a embalagem

Na esteira do DIY o movimento LO-FI vem como uma alternativa a idiotização da arte.
Não faz muito tempo que eu descobri o movimento Lo-Fi (pronuncia-se lou-fai) e imediatamente me apaixonei, não pela novidade, mas pelo fato de descobrir que eu já era do movimento antes de conhecê-lo. Tecnicamente, Lo-Fi é o antônimo de Hi-Fi, termo utilizado na indústria do áudio para designar equipamentos que reproduzem as ondas sonoras com alta fidelidade ao som original. Logo, Lo-fi pode ser compreendido como, baixa-fidelidade. Na produção musical, ainda tecnicamente falando, o termo serve para designar as peças musicais registradas com equipamentos simples e de baixo custo, que, teoricamente, não conseguem atingir o nível de fidelidade dos grandes, modernos e dispendiosos estúdios profissionais. Resumindo: a produção musical Lo-Fi era, na prática, um recurso de quem não tinha o aporte financeiro para custear uma grande produção. Isto era e continua sendo verdade em boa parte da criação musical alternativa e independente mas existe um outro lado desta moeda que precisamos compreender.

Não é nenhuma novidade que existe uma indústria que produz e lucra muito com a música de massa, esta que toca nas rádios, nas novelas e nos programas de auditório, destinada ao consumo rápido e facilmente descartável para ser imediatamente substituída por novas peças mantendo um ciclo interminável onde os ouvintes pensam que ouvem o que gostam, quando, na verdade, escutam o que este empreendimento comercial decide que devem consumir. Neste cenário, meramente empresarial, não existe espaço para a arte, seja esta tradicional ou de vanguarda. É óbvio que existem raras exceções, mas são apenas exceções que confirmam a regra maior. O que fazer então? Partir para a produção independente.

Neste cenário alternativo ou underground existem dois segmentos: Os que querem chegar ao mainstream e os que preferem continuar no underground. Quanto ao primeiro grupo, os poucos que obtêm sucesso, na maioria, ou se corrompem ou se frustram e voltam ao subterrâneo. Mas é do segundo grupo que estamos falando. Neste segundo grupo, que quer permanecer independente também existe uma subdivisão. De um lado os que não abrem mão da técnica e da tecnologia de ponta e só produzem e lançam algum material quando este atende uma série de requisitos técnicos que eu costumo chamar de Geração ProTools e do outro aqueles que se dão conta que o mais importante é levar a mensagem. Neste sentido o termo Lo-Fi cai como uma luva nesta turma que grava como pode, onde pode e quando pode.

Num tempo em que as agências de publicidade ditam as regras do que está na moda ou não, ser Lo-Fi vai além do recurso técnico, rompendo a barreira do establishment reinante e abraçando o legado do Faça Você Mesmo (DIY). Lo-Fi não está mais restrito a música, mas torna-se um sinônimo de liberdade criativa que atinge a arte em sua totalidade, deixando de ser um recurso para tornar-se um movimento. Mais que isso; ser Lo-Fi não prende você a uma estética comportamental ou de estilo como fazia o movimento punk, por exemplo. Trata-se de uma consciência que se aplica a todos os estilos e tribos. Abrangente, inclusivo e belo. Quase divino, se me permitem a ousadia. Então, ta esperando o que, para sair da caixa?