quinta-feira, 20 de abril de 2017

Qual a sua trilha sonora?

Já que a vida é como um filme, nada mais justo do que uma trilha sonora adequada...
Pink Floyd
Desde que eu me entendo por gente, a música faz parte da minha vida. No começo, não era algo assim tão importante mas quando eu tinha oito para nove anos algo aconteceu. Nós morávamos em Curitiba, bem no centro, na rua Senador Alencar Guimarães. A casa da frente era alugada para um restaurante e nos fundos desta havia um quitinete que era alugado para um hippie. As vezes eu ia lá, para ouvir música e numa dessas vezes eu fui apresentado ao Pink Floyd. Foi amor a primeira audição. Me apaixonei por aquela música cativante, misteriosa e envolvente. Também, não era para menos, afinal The Dark Side Of The Moon é um petardo que impressiona até hoje. O Peninha (o hippie que morava no quitinete) gravou uma fitas para mim que eu ouvia em um gravador mono, que meu pai havia me presenteado.

Led Zeppelin
Quando mudamos para o Rio de Janeiro em 1973, a música continuou sendo uma espécie de trilha sonora da minha vida. Em casa, as tardes eram preenchidas com óperas e operetas que meu padrinho adorava. Eram seis discos por vez numa radiola Philips. Logo ganhei meu próprio toca discos. E começaram a vir os discos. O primeiro álbum que eu comprei foi o Machine Head, do Deep Purple, até que em 74 conheci o Led Zeppelin. Mais uma vez fui impactado e virei fan de carteirinha. Comprei todos os álbuns, aguardava os lançamentos, tinha discos piratas, posters, livros e tudo o que saísse sobre a banda. Na esteira do Led curti muita coisa: Huriah Heep, Deep Purple, Queen, Ted Nugent, Slade e muito mais. Até que ouvi o Emerson, Lake And Palmer e mergulhei no Progressivo com Yes, Triumvirat, PFM, Camel, Renaissance, Jethro Tull, Alan Parson, Supertramp, etc. Certa vez, uma amiga me deu o Álbum Branco do Beatles e finalmente entendi a importância dos quatro garotos de Liverpool. O Abbey Road ainda é, para mim, um daqueles álbuns perfeitos do início ao fim.

Oswaldo Montenegro
Paralelamente a este mundo de baixos guitarras e baterias, conheci, através dos meninos que moravam no mesmo prédio, o chorinho. Como não se derreter ao som do bandolim do Jacob do Bandolim, do cavaquinho do Valdir Azevedo e da flauta do Altamiro Carrilho, isso sem falar nos arranjos do mestre Radamés Gnatalli. Na esteira do chorinho veio uma tal de MPB com os versos magistrais de Chico Buarque, a voz encantadora de Elis Regina, as construções inquietantes de um Zé Ramalho e as baladas de um menestrel chamado Oswaldo Montenegro. É claro que o rock tupiniquim também fez parte desta lida com as Mutações dos irmãos Dias (Mutantes), os trejeitos dos Secos & Molhados, o fruto proibido da Rita Lee que na Casa das Máquinas, rezava um Terço bem Made In Brazil.

Cólera
Mas chegaram os anos oitenta e descobri uma nova força, mais energética, rude e direta. Entrei de cabeça no Punk Rock. Ao som dos Pistols, Clash, Ramones, Toy Dolls, Discharge, GBH, ExploitedDead Kennedys e MDC. Pirei de vez e vi que não estávamos perdidos pois por aqui também tínhamos nossos representantes como: Psikoze, Ratos de Porão, Cólera e Olho Seco. O Impacto do Punk Rock foi tão forte que montamos as bandas Maus Elementos e Paz Armada, em Curitiba, e ainda toquei com o Resistência Nacional e com O Corte.

Antidemon
Em meados da década de 90 conheci Jesus Cristo e minha vida deu uma guinada de 180°. Descobri que cristãos fazem música de alta qualidade e começou tudo de novo. Me encantei com o rock do Tourniquet, Narnia, Bride e Mortification. Me maravilhei com o progressivo do Iona, Ajalon, Unitopia e Neal Morse Band, com a brasilidade do Fruto Sagrado, Katsbarnea, Palavraantiga, Resgate, Antidemon e Rebanhão e com o punk de Value Pac, Slick Shoes, One Bad Pigs e Grave Robber. E Mais uma vez o Punk me levou a montar bandas. Primeiro foi o CHC, depois a Holy Factor e atualmente o Experimento Holy Factor.

É claro que está faltando muita coisa bacana. Mas o espaço é pequeno e não da pra citar todas as bandas que me influenciaram nesta caminhada até aqui. Mas e você, qual é a sua trilha sonora? Comente ai para descobrirmos novos sons.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Será que Deus quer que você se perca?

E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Mateus 19:24
Já vou logo avisando que este artigo é para cristãos. Então, partindo do pressuposto de que você é um cristão, eu quero te fazer uma pergunta. Você crê na Bíblia? Crê que as Sagradas Escrituras contém a Palavra de Deus revelada para os seres humanos com o propósito de nos instruir e fortalecer para alcançarmos uma plena comunhão com o nosso Criador? Então você crê que o que está escrito em Mt 19:24, é a mais pura verdade. Ora, se você crê nisto, porque continua nesta busca tresloucada por riquezas materiais? Também não adianta querer minimizar o texto com explicações absurdas de que o camelo era uma especie de corda e que buraco da agulha era uma espécie de portinhola nos muros de Jerusalém. Não existe respaldo bíblico e nem histórico para tais afirmações. Cristo utiliza-se deste adágio popular para comunicar uma impossibilidade. O apego aos bens materiais nos afasta de Deus pois exige total dedicação tando para sua obtenção como para a manutenção das riquezas adquiridas tornando praticamente impossível para o abastado dedicar-se a servir a Deus. Em Mateus 6:24 Jesus outra vez nos adverte que não podemos servir a Deus e ao Dinheiro. Ou você serve a Deus ou vai ganhar dinheiro.

Não estou dizendo que você não deve trabalhar para ter o seu sustento. Claro que precisamos trabalhar. Também não estou afirmando que você não pode ter muito dinheiro. Não é isso. No texto apresentado temos um jovem muito rico que quer seguir a Jesus. Trata-se de um jovem que segue os preceitos da religião, cumpre os mandamentos, etc. Mas Jesus faz uma espécie de teste dizendo que, para ele ser perfeito, deveria vender todos os seus bens, distribuir aos pobres e então segui-lo. O jovem fica triste e vai embora, demonstrando que não tinha a intensão de se desfazer de suas riquezas. Jesus nos chama atenção para o problema do apego as coisas materiais. No sequência do texto os discípulos ficam admirados e chegam a conclusão de que ninguém pode se salvar. Jesus confirma esta verdade mas também afirma que Deus tem poder para reverter esta situação.

Em relação as muitas posses chegamos a um ponto mais ou menos assim: Existe uma remota possibilidade de alguém ser muito rico e mesmo assim se entregar a Deus. Mas a questão é que: quando você se entrega a Deus de todo o coração e entendimento, você passa a entender e enxergar o evangelho da maneira como Cristo enxerga. Isto faz com que você se desapegue das coisas materiais e não tenha mais necessidade de ser rico. Resumindo, você entra num ciclo sem fim onde: o convertido não se importa mais com acúmulo de riquezas e se ele continua preocupado com isso é poque não se converteu e precisa de conversão para desapegar. Isto nos leva a compreender que, quando Jesus diz que é praticamente impossível para um rico entrar no Reino de Deus Ele está dizendo exatamente isso. Pois é humanamente impossível passar um camelo pelo buraco de uma agulha, exceto para Deus, pois para Ele não existe impossível.

Agora vamos tentar responder a pergunta do título desta postagem. A resposta é não! Deus não quer que ninguém se perca mas Satanás quer que todos se percam e por isso nos oferece riquezas, fama e glória. Antes que você me excomungue, vamos olhar o texto bíblico. O diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. E lhe disse: "Eu lhe darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser. Então, se você me adorar, tudo será seu". Jesus respondeu: "Está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’ (Lucas 4:5-8). Este texto mostra que quem oferece coisas materiais em troca de adoração é o próprio diabo. Também não estou afirmando que Deus não prospera materialmente as pessoas. Deus tem poder para isso e é soberano para fazer ou não. Só que Deus não prospera seus servos para ser adorado, ou seja. Deus não compra a sua adoração. Deus prospera quem Ele quer pelas razões que Ele mesmo determina. Não é por mérito, pois se dependesse disso, ninguém receberia nada de Deus.

Espero que este artigo lhe ajude a desenvolver uma vida cristã voltada exclusivamente para Deus, independente de seu status financeiro e material. Uma vida onde nossa maior riqueza seja a certeza de qque somos filhos de Deus, Grande abraço.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Transformando Vidas e Viabilizando Histórias

O serviço social é a espinha dorsal da igreja e quando é departamentalizado transforma esta em um organismo deficiente!
Um dos grandes equívocos que costumamos observar nas instituições religiosas de vertente cristã é a departamentalização de atividades que deveriam ser lugar comum na vida de todos os membros da organização religiosa. Uma dessas atividades é a assistência social, uma prática que deveria estar impregnada em nosso DNA evangélico mas que, na maioria das vezes, é relegada a um departamento encarregado de distribuir cestas básicas ou emprestar a caminhonete da congregação para fazer alguma mudança para um irmão menos abastado. Mas a pergunta é: é isso que a Bíblia nos ensina? Então vamos a ela.

Tiago, diz, que a verdadeira religião, que agrada a Deus, é ajudar os órfãos e viúvas em suas necessidades. Jesus, disse que se, deixarmos de alimentar os famintos, vestir os nus e não visitarmos os encarcerados é como se deixássemos de servir a Ele. Em Atos, lemos que os discípulos prosseguiam no repartir o pão. Temos muitos outros exemplos que não cabem neste pequeno texto, mas que deixam claro que a assistência social é a verdadeira demonstração visível de que somos realmente cristãos. É a materialização do amor ao próximo. Não existe Evangelho sem esta característica. Mas este assistir a sociedade que nos cerca vai muito além de uma cesta básica.

Uma vez que somos sal e luz, de acordo com as sagradas escrituras, temos por objetivo, dar um sabor agradável a vida dos outros, devolvendo a estes outros, independente de serem cristãos ou não, o gosto pela vida, pela família, pelo trabalho e pelo simples fato de serem humanos, irmãos na carne e imagem e semelhança do Deus que afirmamos servir. Como luz, devemos iluminar suas vidas para que enxerguem nitidamente os caminhos por ande andam e possam tomar as decisões acertadas que contemplem os outros dos outros, transformando-se em novas luzes e novos sais neste mundo tão escuro e tão amargo. Isto é ser cristão!

Não basta dar um prato de comida. É necessário convidar o outro a sentar-se a mesa para já não ser outro e sim, um de nós. Não basta uma oferta polpuda, antes, devemos reintegrar os outros ao convívio social para que sejam nós. Propagar o Reino é oferecer a possibilidade de que os outros também façam parte deste Reino. Nossa missão, neste reino, não é desfilar em carruagens ou exibir nossas vestes reluzentes em uma baile de gala, mas entrar, dia após dia, no submundo cuja as portas não podem nos impedir e tirar de lá, um a um, os prisioneiros. É possível, é necessário, é a única maneira de sermos quem dizemos ser!

***

Existe  um Reino Encantado, tão distante e tão perto, que foi inaugurado há dois mil anos por um Rei que havia sido morto mas reviveu. Seus súditos o viram vivo e depois Ele subiu para o seu trono e os súditos receberam a incumbência de transformar outros mortais em súditos também. O Rei lhes deu uma chave mágica que está num livro que carrega grande poder. Com esta chave eles podem entrar nos mundos inferiores, quebrar as correntes, curar as feridas e resgatar os prisioneiros. Os prisioneiros que aceitarem fazer parte do Reino recitam um encantamento que os livra e os transforma em súditos também. Juntos, eles comem, se divertem, cantam e dançam e trazem mais gente triste para virar gente alegre. Fazem isso todos os dias, enquanto aguardam a volta do Rei que virá buscá-los. Então serão felizes para sempre. Amém!


sábado, 8 de abril de 2017

Comece a Mudar o Amanhã!

Se você não começar hoje, amanhã será igual a ontem!
A banda Cólera, foi e continua sendo uma das mais importantes no cenário nacional. Liderada pelo iluminado Redson Pozzi (* 15/07/1962 - + 27/09/2011), que foi um cara escolhido por Deus para espalhar consciência. Um dos seus trabalhos foi o álbum Tente Mudar o Amanhã (Ataque Frontal - 1985). Se existe uma coisa que o Redson fez nesta vida foi tentar. Ao longo dos seus 49 anos de existência ele tentou. Não sei se você sabe mas eu sou cristão, sou um seguidor do Jesus de Nazaré. A minha visão do Redson é mais ou menos assim; Ele foi mais cristão do que a maioria dos que afirmam ser. Porque ele simplesmente fazia e cristianismo é atitude. Mas esta postagem não é sobre o Cólera e nem sobre o Redson. Este artigo é sobre você e eu e o que podemos fazer para mudar o amanhã!

A primeira coisa que precisamos definir é o foco da mudança. Se tudo o que queremos, é mudar o nosso amanhã pessoal para atingir as nossas metas individuais então não queremos mudança. Tudo o que desejamos é conforto e não somos menos egoístas do que os corruptos que estão no poder e é bem provável que fizéssemos o mesmo, se tivéssemos a chance. O ser humano é um ser social, e sendo assim, só existe crescimento verdadeiro quando todo o grupo pode usufruir das conquistas. Não estou promovendo uma luta de classes e não sou socialista e nem comunista. Para existir mudança de fato é preciso mudar o foco da mudança. Quando promovemos mudanças nos que estão a nossa volta, as respostas são mais rápidas e mais evidentes. Partindo disso entendemos que só haverá uma mudança real a partir do momento em que o nosso foco passe a ser o crescimento e o bem estar dos outros.

Em segundo lugar, precisamos estabelecer por onde começar. Este é um ponto interessante, pois somente iremos produzir efeito nos que estão no nosso entorno quando efetuarmos transformações em nós mesmos, pois isso vai impactar as pessoas. Somente sendo diferentes da massa sistêmica é que faremos a diferença em nosso meio. Mas não é para receber de volta o bem que fazemos. É ai que está o segredo. Se você faz pensando em receber isto não é promover transformações mas executar um serviço e receber o pagamento. Promover mudanças é trabalho e dá trabalho. É uma escolha. Dar uma carona, ajudar alguém a carregar suas compras, pagar uma passagem, dizer bom dia, empurrar um carro, e por aí vai. São pequenas atitudes que promovem grandes transformações e nos dão a oportunidade de interagir com as pessoas, afinal somos seres relacionais e necessitamos de estabelecer relacionamentos para seguirmos em frente.

Imagine aquele seu vizinho, mal humorado, e que não vai com a sua cara. Um dia você está voltando do trabalho e você o vê, cheio de sacolas em uma tarde chuvosa. Ai você para o carro, desce, oferece uma carona e o ajuda com as compras. No trajeto surge uma rápida conversa a respeito do clima e da economia. Você o deixa em casa e segue seu caminho. Pronto. Agora ele já tem uma visão diferente de você e com o tempo ele começará a ver outras pessoas que ele não gostava, de uma forma diferente. Você promoveu uma mudança para melhor na vida dele e consequentemente, na sua também.

Em terceiro lugar, precisamos decidir quando começar. Comece já! Se você deixar para amanhã, amanhã estará igual a hoje, mas se você começar agora, amanhã será um dia diferente. Isso é viver em novidade de vida. Devemos viver agora como se não houvesse o daqui a pouco. Viver o já como se não houvesse o depois e o hoje como se não houvesse o amanhã. Boa sorte! Nos vemos amanhã em um mundo diferente de hoje!

Aproveite para ouvir o álbum: Tente Mudar o Amanhã, logo abaixo...


quarta-feira, 5 de abril de 2017

Modos & Estilos #017 - Mutantes - Tudo Foi Feito Pelo Sol

Quando nos deparamos com uma banda nacional que chega neste nível, bate até um certo orgulho de ser brasileiro.
Rui, Pedro, Túlio e Sérgio
Que a banda brasileira, Os Mutantes, é uma referência, ninguém duvida. Muito se fala da obra deste grupo que teve até a nossa rainha do rock, Rita Lee, na formação inicial da trupe liderada pelos irmãos, Arnaldo e Sérgio Batista. Mas os anos 70 não foram só flores. O consumo de drogas e as constantes brigas internas acabaram por deixar Sergio Dias sozinho após o lançamento do álbum Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets, em 1972. No entanto o virtuoso guitarman não podia parar sua febre criativa e recrutou um novo time de feras para o próximo trabalho.

Sérgio montou uma nova banda que contava com: Antônio Pedro no baixo, Rui Motta na bateria e o fantástico Túlio Mourão nos teclados e completada Serginho nas guitarras. Com este quarteto de peso trocam a gravadora Polydor pela Som Livre e registram o sexto álbum da banda: Tudo Foi Feito Pelo Sol.

Capa - Não há créditos sobre a capa
Este álbum, na minha opinião, não é apenas o melhor disco dos Mutantes, mas um dos melhores discos de rock progressivo de todos os tempos. É claro que existem influências do Yes, mas quem não foi foi influenciado pelo Yes? O álbum tem uma linguagem própria e uma performance impecável. Tudo é perfeito neste disco lançado em 1974 com 7 faixas, uma capa linda, encarte e tudo o que se tem direito. Lembro-me quando adquiri a obra prima e fui capturado logo nos primeiros movimentos.

Recentemente o álbum foi relançado em CD com três faixas bônus do compacto Cavaleiros Negros, que enriqueceram ainda mais o material. Vale lembrar que este álbum tornou-se um item de colecionador disputadíssimo, principalmente fora do Brasil. Neste artigo vou analisar o original para relembrar o impacto que ele causou.

As Faixas


Deixe Entrar Um Pouco D'água No Quintal - A música abre com um excelente trabalho de baixo e bateria logo enriquecido pelo teclado e a guitarra frenética de Sergio. Os Vocais estão perfeitos, as quebras de ritmo e temas ao longo da faixa criam uma massa sonora de deixar tonto. É muita informação para uma única audição.

Pitágoras - Linda! Não consigo encontrar outro termo para definir esta peça musical. Simplesmente linda. Como é bom ouvir o trabalho de pessoas talentosas. A introdução de piano e guitarra é uma delícia que vai sendo temperada pela precursão e um baixo que continua o riff inicial enquanto o teclado viaja para outra dimensão. Além disso há uma brasilidade intrínseca que, só escutando para entender.

Desanuviar - Com um clima etéreo vamos a terceira faixa que nos leva a uma outra dimensão. Uma música filosófica. Soa leve como uma nuvem e aos poucos vai assumindo uma mudança de clima como num dia nublado passando para uma viagem a lá pink floyd que é extirpada repentinamente terminando em um clima meio caótico e reflexivo.

Eu Só Penso Em Te Ajudar - Balada rock com todos os elementos mas que mostra como os caras sabem o que estão fazendo, afinal rock em português é algo complicado, mas não para os mutantes. Nossa língua é percussiva mas Sérgio Dias consegue soar britânico cantando na linguagem do Lácio.

Cidadão da Terra - Mas um tema bem trabalhado com os elementos que marcam o progressivo britânico e que mostram que a banda, mais que um grupo nacional, é uma trupe do mundo. Uma aula de composição que soa simples e sofisticada ao mesmo tempo. O baixo se destaca bastante na faixa e a bateria está impecável.

O Contrário de Nada é Nada - Rock'n Roll. Bem no estilo do rock nacional da época. Soa até um pouco estranha no contexto do álbum, mas funciona bem. E serve como uma pausa depois de tanta informação. A própria letra da a entender que ela é um refresco para a próxima faixa.

Tudo Foi Feito Pelo Sol - Chegamos ao final da obra. Uma canção altamente contemplativa. Fecha o álbum em grande estilo. Mais uma vez o quarteto se supera. Vocais, teclados, guitarras, baixo e bateria estão impecáveis. Destaque para a belíssima linha de contra-baixo que dá o tom. Enfim, escute!

Resumo


Tudo Foi Feito Pelo Sol é um disco épico que não pode ficar fora de nenhuma discoteca de respeito. É uma obra para ser ouvida várias vezes, pois a cada audição, novas texturas vão se revelando e o ouvinte pode compreender porque esta banda é tão respeitada dentro e fora do país, aliás, mais fora do que dentro. Minha esperança é que este artigo incentive as novas gerações a ouvir este trabalho e entender porque somos tão saudosos e porque os anos setenta são tão importantes para a música do planeta.

Segue o link para audição: Tudo Foi Feito Pelo Sol

quarta-feira, 29 de março de 2017

O Mundo Ocidental Se Esqueceu de Onde Veio!

Formado e fundamentado no cristianismo, o ocidente está enterrando sua história e colocando em risco sua sobrevivência!
Estou lendo "Uma Breve História do Cristianismo" de Geoffrey Blainey. Estou na metade do livro entrando na Reforma Protestante, mas desde já recomendo a leitura do livro. Evidentemente não se trata de um tratado sobre uma história tão rica como a da construção da religião cristã no mundo que certamente não caberiam em suas 328 páginas. Mas traz um panorama da evolução da Igreja, suas divisões e ramificações e alguns de seus personagens principais, ao longo das eras. O livro foi escrito em uma linguagem bastante acessível e é bastante útil, principalmente para quem está se iniciando no assunto. Blainey é um escritor, professor e historiador australiano que ficou famoso pelos livros: Uma Breve História do Mundo e Uma Breve História do Século XX. Mas vamos ao que interessa.

Se olharmos a história, devidamente documentada ao longo das épocas, percebemos que a civilização ocidental foi, toda ela, constituída pelo pensamento cristão. Foram as instituições religiosas que fomentaram a arte, a música, a pesquisa científica, o saber humano. Graças ao incansável trabalho de muitos cristãos, boa parte do conhecimento produzido pelo homem foi preservado em intermináveis bibliotecas com seus enormes volumes copiados a mão pelas mãos de padres dedicados. Foi a igreja que implementou hospitais, escolas e universidades. Dedicando-se a Teologia, artes, filosofia e medicina. Patrocinou músicos, pintores, escultores, desenvolveu a arquitetura e a engenharia. Foi graças ao cristianismo e principalmente a reforma protestante que a indústria gráfica pode se desenvolver.

Também foi a igreja que nos deu o sentido de serviço social e outros grandes avanços da humanidade, assim como foram muitos cristãos, reformados que ajudaram a conceber o conceito de laicidade para permitir que todos os pensamentos, mesmo contrários, pudessem ser ouvidos. Mas atualmente vemos a civilização ocidental se esforçando para banir a igreja e o cristianismo da face da terra. A criatura se rebelando contra o criador. Ora. Se a base da sociedade ocidental é o cristianismo, ao enfraquecer esta base cria-se um problema estrutural que torna instável todo o edifício, pois é a base que mantém a construção firme. Se comprometemos a base tudo o que está firmado neste alicerce pode cair. E o que estamos assistindo.

Exatamente isso! A decadência do ocidente. Estamos assistindo a norte lenta e gradual do mundo ocidental. Como um organismo sem imunidade, a cada dia novas doenças sociais vão surgindo e se alastrando pelo corpo criando uma inevitável falência dos órgãos que o mantém vivo. É triste mas é real e inevitável. E você? O que pensa a respeito deste assunto? De sua opinião, ela é importante!

Se tiver interesse no livro citado, segue o link:
http://www.saraiva.com.br/uma-breve-historia-do-cristianismo-4053181.html

domingo, 26 de março de 2017

Sem Memória, Não Há História

Quando destruímos um passado de glórias, talvez estejamos apontando para um futuro de incertezas.
Foto 1 - Antigo Templo
Esta semana fui surpreendido pela notícia da demolição do antigo templo sede da Igreja Evangélica Assembleia de Deus da cidade de Ponta Grossa, PR. Trata-se de um prédio simples de linhas sóbrias (foto 1) que ficava na Rua do Rosário, no centro, e que por muitos anos assistiu a conversões, batismos, curas, casamentos e toda sorte de acontecimentos da comunidade assembleiana residente na Princesa dos Campos Gerais do Paraná. A decisão de por abaixo o prédio, partiu da cúpula da igreja e dividiu opiniões. Os contrários lamentando não apenas a perda material, mas principalmente a sentimental visto que muitas pessoas nasceram, cresceram, casaram e apresentaram seus filhos ali. Também há os que lamentaram por ser uma edificação que faz parte da história da denominação e do município. Já os favoráveis se valem de citações de textos bíblicos e da soberana decisão da presidência da igreja e de que o novo Templo sede (foto 2) é maior , mais bonito, e mais moderno.

Foto 2 - Novo Templo
Que o novo edifício é maior e mais moderno não há dúvida, quanto a ser mais bonito depende do gosto de cada um. Muitos alegam que o antigo prédio tinha falhas estruturais que colocavam em risco a integridade física de seus ocupantes. Sabemos que hoje existem técnicas que podem ser utilizadas para recuperar falhas. Poderiam reconstruir um interior moderno e otimizado e manter a fachada original. Não sei o que será feito no lugar, mas o fato é que pouco a pouco a história vai sendo apagada deixando saudades, lembranças que aos poucos serão esquecidas. Parece ser uma característica da denominação, pois existem mais casos como este envolvendo antigas edificações da Assembleia de Deus, como é o caso da AD de Criciúma que não respeitou sequer a população que pediu o tombamento do antigo templo conhecido como Igreja do Relógio. Mas nem tudo está perdido.

Foto 3 - Igr. Luterana de Dois Irmãos
Este é o caso da Igreja Luterana de Dois Irmãos que teve seu primeiro templo, totalmente restaurado e preservado (foto 3) ou ainda a igreja Luterana de Brusque (foto 4) que mantém viva a sua memória no belíssimo templo devidamente preservado. E outras por aí a fora que tem esta consciência. Curiosamente, as igrejas históricas são mais preservacionistas que as pentecostais. Não sei se existe uma razão para isso mas me parece que o movimento pentecostal não dá muito valor aos seus templos. Tudo bem que é só tijolo, areia e pedra, mas por trás do aparato solido existe um legado histórico e comunitário que precisa e deve ser levado em consideração sempre que surgir este tipo de decisão ser tomada. Mas atrelado a este episódio posso perceber outras mensagens nas entrelinhas. E que mensagens são estas.

Foto 4 - Igr. Luterana de Brusque
De um lado vemos pessoas simples, lamentando o fota e saudosos dos tempos em que a comunidade era menor e mais unida, onde todos se conheciam pelos nomes e o calor humano aquecia a frieza do mundo exterior. Do outro vemos instituições a cada dia mais distantes de seus membros onde a preocupação é com a eficácia, a administração e a relação custo-benefício. Já não existe mais o líder que visita seus liderados. A vida em comunidade onde cada um atenta para a necessidade do outro vai sendo departamentalizada e os avisos são dados pelo telão e pelas redes sociais. Muitos doutores e senhores de si e poucos amigos e irmãos de fé.

Uma pena que seja assim. Já não verei mais o lugar onde me decidi por Cristo e onde desci as águas. Sinceramente, espero não voltar lá, outra vez, e não ter que passar e olhar para algo que não veria estar ali.