quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Modos & Estilos #015 - Sparks - Propaganda

Confesso que não me lembro quem me apresentou a banda Sparks, mas lembro perfeitamente que foi a álbum Propaganda e que foi amor a primeira audição!

Capa do Álbum
A banda Sparks foi formada pelos irmãos Ron e Russell Mael no final dos anos 60, em Los Angeles, Califórnia, sob a forte influência da psicodelia reinante por aquelas bandas. Com seus vocais operísticos e letras inteligentes a banda passa por várias fazes registradas em seus vinte álbuns lançados entre 1971 e 2006.

As músicas são marcadas pela ironia e bom humor, muitas vezes amado e outras odiado. Em alguns momentos soa até mesmo meio infantil. Mas há de se destacar a musicalidade da dupla com os arranjos vocais e instrumentais de altíssima qualidade e talento.

O álbum Propaganda que foi lançado em 1974 trás todos os elementos que marcaram o grupo e merece estar em qualquer coleção de quem ama boa música. São onze faixas de tirar o fôlego. Foi lançado em novembro de 1974 logo pós o excelente Kimono My House e relançado em 2006 com três músicas a mais.

Nós vamos analisar a versão original, que era o que eu possuía na minha coleção. Confesso que não lembro quem me apresentou o Sparks. É bem provável que tenha sido meu amigo Hamilton.

As Músicas


1 Propaganda - 0:23 - Uma crítica ao sistema que utiliza o marketing para convencer as pessoas e principalmente os jovem a lutar por causas nem sempre tão nobres. A faixa é curtíssima mas usa uma série de sobreposições de vozes em tom operístico que conseguem colocar uma letra gigantesca em pouco mais de vinte segundos.
2 At Home At Work At Play - 3:06 - A letra, enorme, fala sobre o cara que não tem tempo para nada e só quer estar com sua paixão onde quer que seja. A música lembra os hard rocks típicos da década de setenta.
3 Reinforcements - 3:56 - A Letra discursa sobre uma batalha em que o protagonista precisa de reforços, mas tem um duplo sentido que pode ser traduzido como uma batalha pessoal ou algo do tipo. A melodia é mais uma com o tom operístico tradicional do grupo, pop rock da melhor qualidade com peso certo e um clima psicodélico que parece ter saído de um sonho.
4 B.C. - 2:14 - Esta fala sobre um relacionamento e mais uma vez o sarcasmo está em toda a parte. Virtuosismo com tom de deboche aliados a um trabalho de baixo muito bem elaborado e vocais bem construídos em cima de uma batida constante.
5 Thanks But No Thanks - 4:15 - A letra conta a história de alguém que segue uma espécie de instinto ou ordem superior para seguir mesmo tendo outras possibilidades. Outra que carrega a psicodelia dos anos setenta na ponta da agulha. Melodias simples e sofisticadas ao mesmo tempo e um trabalho de percussão que garante o clima certo.
6 Don't Leave Me Alone With Her - 3:03 - A letra muito bem construída revela um relacionamento indesejado mas que pelos outros é visto como inevitável. Quase uma continuação da anterior mas com mais peso na guitarra. O interessante das músicas da banda é cada faixa privilegia um instrumento em particular. Aqui é a guitarra com drive equilibrado que dá o ambiente para a canção.
7 Never Turn Your Back On Mother Earth - 2:29 - Uma epopeia lisérgica que fala sobre vida com uma pegada naturalista. Bem Flower Power. Balada carregada de emoção com trabalho de orquestra criando uma bela harmonia sobre os vocais bem cuidados desta faixa.
8 Something For The Girl With Everything - 2:18 - Totalmente tresloucada a música é a respeito de uma garota, ou algo, que não pode ser incomodado. Traz a marca da banda com seu clima meio psicótico e atormentadoramente debochado. Sarcasmo, ou apenas diversão de quem entende de música? Da metade para frente ganha o peso do glam dos anos setenta.
9 Achoo - 3:35 - Letra existencialista sobre a vida em que a realidade sempre inverte a verdade sem perder o tom de sarcasmo. Psicodelia sessentista de garotos que não levam nada a sério com uma interjeição sonora hilária. Poderia chamar de uma espécie de punk progressivo.
10 Who Don't Like Kids - 3:37 - Quem não gosta de crianças? Pode haver um segundo sentido na pergunta mas a música é ótima. Sem dúvida uma das faixas mais bacanas do álbum. Todos os elementos que caracterizam a banda numa mesma composição. Não dá nem para rotular. Perfeita.
11 Bon Voyage - 4:55 - A letra brinca com o ceticismo e a religiosidade quando se aproxima o fim da vida. Questiona mas não emite uma opinião definitiva. O álbum não poderia terminar com uma música melhor. Novamente a atmosfera psicodélica com vocais magistrais mostra todo o potencial e talento dos Sparks.

Para ouvir:


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