quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Se não é meu amigo, é meu inimigo!

Outro dia desses estava numa conversa, sobre doutrinas e interpretações teológicas diferentes, com base numa postagem de um cristão que sigo no Facebook. Tudo indo bem no maior respeito com alguns pitacos menos civilizados de alguns, mas nada muito grave até que um certo cidadão surgiu na conversa. O tipo de pessoa resignada que não aceita pensamentos diferentes e trata os diferentes como inferiores. Num determinado ponto da conversa, eu o chamei de amigo, coisa comum, e recebi uma resposta na lata: "Não sou seu amigo!". Ainda crendo que a pessoa não fosse tão estúpida fiz uma brincadeira: "Quem não é meu amigo, é meu inimigo" e recebi uma saraivada de balas conforme o texto a seguir:
Cara, vai se tratar! Você é um ser humano totalmente indiferente a minha existência. E eu à sua. Nem sequer sei se você é real, ou uma máquina de postar comentários aleatórios em páginas da internet. Não sou hipócrita de fingir me importar com uma pessoa que nunca vi na vida, nunca fez nada por mim e eu nunca fiz nada por ela (esta é a definição de amigo, entre outras coisas).
É obvio que nem respondi, pois isso só iria gerar mais inutilidades. Apenas orei pelo "irmão"! Não que eu seja um manancial de cristandade, mas foi o que pensei ser o mais sensato no momento. Mas depois comecei a tirar algumas lições do acontecimento que gostaria de compartilhar com os leitores e amigos deste blog. Primeiro quero analisar com você alguns pontos do comentário do ser que não é meu amigo.

Cara, vai se tratar! Embora o cidadão não seja médico (vi no perfil dele) fez um diagnóstico rápido e deduziu que eu sou uma pessoa doente, e devo ser mesmo, pois continuo acreditando no lado bom do ser humano! Esta afirmação demonstra claramente um sentimento de superioridade, do tipo: Eu sou melhor que você! Este tipo de personalidade é extremamente perigosa pois julga-se dono da verdade e julga os diferentes como enfermos que precisam da solução mágica que só ele possui.

Você é um ser humano totalmente indiferente a minha existência. Pelo menos me considera humano, mas não por muito tempo. Quanto a afirmação devo dizer: Ledo engano, camarada! Esta simples conversa de alguns parágrafos criou (queira ou não) uma conexão entre nossas existências que foram afetadas, ainda que minimamente, pelos diálogos e opiniões. Aliás se formos ver o significado de indiferente, encontraremos, em uma das definições, o seguinte: incapaz de suscitar interesse ou de sensibilizar. Ora! se fossemos indiferentes sequer estaríamos trocando mensagens em um post e a resposta do garoto mostrou uma pessoa bastante sensibilizada pelos meus comentários anteriores.

Nem sequer sei se você é real, ou uma máquina de postar comentários aleatórios em páginas da internet. Esta foi sensacional! Não consegui, até o momento, definir se ele acredita nisso ou só foi uma zoação. Como, em sã consciência, uma máquina de respostas aleatórias, conseguiria manter um diálogo coerente por quase meia hora? To começando a crer que a máquina é ele.

Não sou hipócrita de fingir me importar com uma pessoa que nunca vi na vida, nunca fez nada por mim e eu nunca fiz nada por ela (esta é a definição de amigo, entre outras coisas). Esta dá uma tese! O problema não é a afirmação em si, mas o contexto da mesma. Uma pessoa que teve um encontro real com Jesus Cristo não pode ser movida por meros interesses de troca. O próprio Jesus disse para seus discípulos (nós) que os chamaria de amigos mesmo eles não tendo absolutamente nada a oferecer. Importar-se com o outro é regra básica e basilar de quem quer abraçar o Evangelho como forma de vida. Ele até usou uma das definições de amigo para justificar a sua falta de empatia com os outros. Mas uma das outras definições de amigo fala justamente o contrário: Para denominar uma pessoa de amigo, não necessariamente os indivíduos precisam se conhecer há muito tempo, muitas amizades começam repentinamente e ganham importância por diversos motivos. Mais uma: Para chamar alguém de amigo, não necessariamente precisa ser apenas amigo. Emfim, chamar um desconhecido de amigo, em uma conversa, é uma forma dizer: Não quero brigar com você, apenas quero dialogar com pessoas que tem uma opinião diferente da minha e argumentar para que ambos possamos crescer.

Ele ainda falou mais um monte de coisas, foi até criticado por alguns conhecidos e deu respostas do tipo: Pau que bate em chico também bate em francisco. Mas tudo isto só me fez ver como estamos distantes dos ideais de Cristo. Como é difícil amar ao outro sem esperar absolutamente nada. Como temos dificuldade em trabalhar com os antagonistas. E eu me pergunto. De onde vem esta raiva? Este sentimento de superioridade? Este orgulho? Uma coisa eu sei. Não vem de Deus! Vem de uma doutrina tosca que só prega vitória pessoal, triunfo sobre os outros, que somos cabeça e não cauda, mas esquece, assim como a igreja de Laodiceia do texto que diz: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

Precisamos voltar, com a máxima urgência, ao Evangelho puro e simples, praticado em amor, comunhão e união. É muito comum quando vamos em algumas denominações, sermos recebidos com um tapinha nas costas e um "bem vindo meu amado" e quando divergimos das "doutrinas" locais já não somos mais amados mas demonizados pelos "irmãos". Não gosto muito de falar sobre este tipo de cristianismo que vemos por aí, pois é um assunto que me entristece e não edifica, mas também não podemos ficar alheios e omissos a tudo isso.

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