sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Je suis juste un chrétien d'Amérique latine.

Aproximo-me suavemente do momento em que os filósofos e os imbecis têm o mesmo destino. (Votaire)
Meus pais sempre me diziam: "Quem brinca com fogo acaba se queimando". Já se passaram 16 dias do ataque terrorista à sede da revista Charlie Hebdo que tirou a vida de 12 pessoas. Nestes 16 dias, apenas no Brasil, 2400 (duas mil e quatrocentas) pessoas foram assassinadas, foram praticados aproximadamente 2700 abortos e por aí vai. Não estou dizendo que as 12 mortes na frança são menos importantes mas o que me intriga é a facilidade com que as pessoas aderem as manifestações fomentadas pela mídia. 


A maioria das pessoas, fora da França, que tem tomado partido, em favor de uma publicidade para a publicação sequer a conhece e não tem ideia do tipo de conteúdo publicado no tabloide. O semanário é bastante conhecidas por suas críticas ao governo e a sistemas religiosos que constantemente satiriza, muitas vezes com uma agressividade editorial que mostra um total desprezo pelos diferentes. É vidente que isto não justifica o assassinato promovido por extremistas, que aliás são tão cidadãos franceses quanto os franceses mortos na chacina.

Eu me pergunto. Será que os responsáveis pelo periódico não tinham consciência dos efeitos que a sua liberdade de expressão poderia causar? Até onde vai a liberdade? Em que ponto uma piada se torna um insulto? Como funciona a cabeça de um muçulmano? Vivemos em uma grande sociedade global com pessoas diferentes adeptas de diferentes discursos, idéias e ideais que diferem e divergem entre si. Eu tenho o direito de dizer o que quiser no meu blog mas também tenho que ter a consciência de que se disser algo que ofenda alguém posso ser responsabilizado por isso.

Mas e o estado islâmico, qual a atitude que irá tomar? Não basta dizer que a sua religiosidade não prega a violência e que estes atos são isolados. É preciso tomar uma atitude, não apenas pelos 12 mortos na França, mas pelos 106 na Nigéria, pelas centenas de cristãos católicos e protestantes mortos pelo extremismo, pelas meninas vendidas como escravas. Onde está a mídia nestes outros casos? Onde estão as manifestações? E nós, que batemos no peito para nos afirmar cristãos e defensores da justiça e do amor. Vamos dobrar nossos joelhos por 30 segundos em uma oração rápida ou vamos mostrar ao mundo que somos luz e sal?

Toda a forma de violência deve ser combatida: física, moral, intelectual, social, não importa! Violência é violência e pronto! Mas nós não temos tempo para isso, precisamos ir ao culto, precisamos tocar nossos louvores intermináveis, precisamos fazer atos proféticos, cobrar os dízimos e ofertas, precisamos construir templos e com isso não nos sobra tempo para sermos o templo.

Tem horas que me sinto envergonhado de me dizer cristão!

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