quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O Punk Não Morreu!

Estava acompanhando um tópico sobre punk em um grupo no face. Fico vendo essa galera mais nova se odiando por causa de punk isso e aquilo. Tem os puristas defendendo a idéi de que o cara só é punk se ouvir punk, vestir punk, namorar punk, tretar punk, etc. 

Na verdade a maioria não tem ideia do que é e o que representa o movimento punk. Então resolvi dar uma palhinha daquilo que eu vi e vivi mas não é nada definitivo, pois afinal, punk é acima de qualquer coisa, liberdade.


Vou me ater mais a questão da música. O chamado punk rock foi nada mais do que uma alternativa a cena musical que imperava nos anos 70. O rock que sempre foi algo juvenil e descontraído havia dado lugar a performances de virtuoses em solos de meia hora. Foi o boom do progressivo. Eu mesmo ouvi muito ELP, Triumvirat, Genesis, Focus, Nektar, Jethro Tull, Rush, Supertramp, Yes e por aí vai. O problema é que tudo isso se tornou inaccessível para garotos simples e sem grana.

Foi nesse cenário que surgiram bandas como: New York Dolls, Stooges, MC5 e Ramones fazendo rock'n roll simples e direto do lado de cá do Atlântico e Stiff Little Fingers, The Stranglers, Sex Pistols, The Clash e U.K. Subs do lado de lá. O que estas bandas fizeram foi mostrar que, pessoas comuns como eu e você, poderiam fazer sua própria música, se divertir e expor suas idéias.

No Brasil não foi diferente. A primeira fase do punk brasileiro abarcou uma galera que ouvia rock, muitos já tocavam e simplesmente se apaixonaram pela ideia, pelo estilo! O primeiro álbum punk que eu comprei foi em 1982, The Great Rock 'n' Roll Swindle dos Sex Pistols trilha sonora do documentário homônimo


Fui imediatamente impactado pelo som selvagem e debochado dos súditos da rainha. Mas o que realmente me fisgou foi o punk nacional. Foi em 1984 que escutei pela primeira vez a coletânea SUB com as bandas Cólera, Ratos de Porão, Psykoze e Fogo Cruzado.


Dai pra frente foi só alegria. Comprei uma guitarra consegui tirar sozinho (Nossa! Kkkk) Vida Ruim do RDP e montei a banda Maus Elementos junto com uns amigos. Depois disso veio a Paz Armada.

Naquela época havia uma cumplicidade entre os punks, partilhava-mos instrumentos, equipamentos, transporte, local para ensaiar. Tínhamos posicionamento político e social. Havia um consumo constante de cultura, arte, poesia, música, teatro, cinema, etc. A cena punk influenciava o mundo imediatamente ao seu redor. Rolavam vídeos, fanzines, etc.

Depois de um tempo pensaram que o punk havia morrido, acabado; mas como estavam enganados. O movimento prosseguiu, selos surgiram, estúdios, filmes, livros, tudo mudou. É evidente que algumas coisas foram absorvidas pelo sistema e repaginadas e hoje vemos pessoas pagando fortunas por uma calça rasgada, moicanos em cabeças ocas, piercings em qualquer boca.

Algumas coisas foram adaptadas ao novo mundo: fanzines viraram blogs, fitas k-7 deram lugar ao mp3 e a internet se tornou o grande mural do underground. Mas o legado ficou. Descobrimos que não precisamos de ninguém para por em prática nossas idéias. O DIY virou realidade. O Punk Não Morreu! Só ficou mais velho, teve filhos e sabe muito bem o que quer e como conseguir!

Banda Cólera - Na Ativa Por Mais de 30 Anos


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